quarta-feira, 16 de agosto de 2017

Por que não estou produzindo aqui no blog?

             Caros amigos, críticos, gente boa que me acompanha e dá força, muitos têm me perguntado porque abandonei a escrita no blog. Foram duas postagens em 2015, zero em 2014 e nada de 2016 até aqui. A princípio a vida me obrigou a desviar o foco para uma série de outras atividades. Sou pai de duas crianças pequenas, o que é uma carreira bastante intensa, e também me envolvi com cada vez mais questões acadêmicas. Hoje tenho trabalhos administrativos diversos, pesquisa, ensino, e gosto de investir o máximo possível de tempo presencial junto às pessoas com quem trabalho e estudo.
            O motivo principal, contudo, é que a escrita demanda um tipo muito específico de inspiração. Não tenho tido esse tipo particular de ânimo que um ensaio de blog requer. Provavelmente o excesso de trabalho impactou negativamente no tempo livre e mais contemplativo que eu sempre usei para os ensaios. Não quero fazer algo menos estimulante, sincero e íntimo que a média dos textos daqui, que considero bons nesses aspectos. Mas, mais provavelmente ainda, este trabalho foi feito com alguma colaboração, para algum propósito, que agora se distanciaram da fase da vida que estou vivendo.
            Não vejo, contudo, com lamento essa mudança de ares. O que foi realizado aqui permanecerá como retrato de um período muito sentimental, idealista e meditativo da minha vida. São estudos e reflexões que continuarão a servir a alguns, para alguma coisa. E já se vão lá sessenta mil acessos, o que não me permite olhar para este veículo como capítulo encerrado.
            É absolutamente fantástico receber e-mails, solicitações de amizade no facebook, ou encontrar pessoalmente alguém que se revela seguidor e admirador do blog. Alguns dos meus maiores amigos nos tempos recentes me conheceram aqui, como eu também conheci diversos através de suas páginas na internet. Isso é o que de mais belo e enriquecedor levarei destas experiências, a princípio tão despretensiosas e tímidas.  
            Um último motivo substancial para a migração rumo a outros horizontes de trabalho é o fato de que os textos aqui apresentados esgotaram plenamente a sua missão, a de apresentar tudo aquilo que humanamente eu poderia apresentar sobre a relação entre filosofia e espiritismo. Não que não haja mais o que fazer, mas as próximas produções começariam a apresentar um viés fatalmente repetitivo. Nossa visão se esgota em nossos limites, e eu não me vi evoluindo da forma que deveria para alargar ou renovar as ideias e perspectivas que seguem constituindo minha interpretação da relação entre esses dois universos: a filosofia e o espiritismo.
           Várias coisas poderiam ter sido melhor escritas - sei que tenho diversos problemas como escritor -, mas pouquíssimas ou nenhuma eu gostaria de dizer melhor.
           É com essa sensação muito positiva que lhes deixo o convite de seguir pelo caminho que venho seguindo, o do aprofundamento um tanto mais árido e sistemático das intuições e visadas aqui reunidas. A continuação o blog, para mim, é a minha pesquisa, os livros e os artigos que venho escrevendo, as comunicações orais, seja acadêmicas ou seareiras, e muito desse material se encontra disponível online. No link abaixo, do site Academia.edu, pode-se encontrar alguns artigos. No youtube também há algumas coisas, e espero que no futuro não seja difícil continuar acompanhando o que eu faço.
           Fica, não a despedida, mas a gratidão pelos muitos inícios e pontos de partida que esse trabalho me proporcionou. Fica a honra de tê-los como leitores e parceiros de diálogo. Nada me é mais caro do que conviver com almas que se felicitam na harmonização entre Sócrates e Jesus.

https://ufjf-br.academia.edu/HumbertoCoelho